A energia elétrica que utilizamos em nossas casas e empresas segue um fluxo convencional: ela é gerada em usinas, transmitida por linhas de alta tensão e distribuída para os consumidores. Porém, com a popularização dos sistemas fotovoltaicos, especialmente em micro e minigeração distribuída, a inversão de fluxo de potência tem sido um fenômeno cada vez mais comum.
Esse processo ocorre quando um sistema de geração distribuída, como painéis solares residenciais ou comerciais, gera mais energia do que é consumido no local. O excedente de eletricidade, que não pode ser utilizado imediatamente, é enviado de volta para a rede elétrica, invertendo o fluxo natural da energia.
Embora essa possibilidade traga vantagens, como maior aproveitamento de energia renovável, ela também pode gerar desafios técnicos e regulatórios que exigem soluções eficientes.
Neste conteúdo, você vai saber com mais detalhes o que é inversão de fluxo de potência, suas principais causas, impactos na rede elétrica e as melhores formas de mitigação, incluindo o uso de baterias solares como uma solução eficaz. Confira!
O que é inversão de fluxo?
A inversão de fluxo de potência ocorre quando a energia elétrica flui no sentido contrário ao projetado em um sistema de distribuição.
Tradicionalmente, a eletricidade é gerada por usinas e transportada até os consumidores finais. No entanto, quando sistemas fotovoltaicos geram mais energia do que o necessário, o excesso é injetado na rede elétrica, alterando seu fluxo original.
Essa situação é comum em locais onde a micro e minigeração distribuída são amplamente utilizadas. Na realidade, o conceito se assemelha a um sistema de reservatório de água: quando um tanque enche e não há consumo suficiente, o excesso precisa ser escoado para outro lugar. No caso da energia solar, o "escoamento" ocorre para a rede elétrica.
O que causa a inversão de fluxo de potência?
A inversão de fluxo pode ocorrer por diversos fatores, sendo os principais:
Baixo consumo local
Quando o consumo de energia em uma região é baixo, especialmente nos horários de pico de geração solar, o excedente precisa ser redistribuído para a rede elétrica.
Isso ocorre, por exemplo, em bairros residenciais onde muitas casas possuem painéis solares e os moradores estão fora durante o dia, reduzindo a demanda local e forçando o envio da eletricidade para a rede.
Essa situação é agravada em áreas com pouca atividade industrial ou comercial, dificultando a absorção do excedente e podendo gerar oscilações na tensão elétrica.
Dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos
Quando um sistema de energia solar é dimensionado para gerar mais energia do que a necessidade real do local, o excedente será exportado para a rede elétrica. Isso acaba ocorrendo quando a instalação não leva em conta o consumo real da residência ou empresa, resultando em uma produção superior à demanda e contribuindo para a inversão de fluxo de potência.
Além disso, muitos projetos de energia solar são superdimensionados para maximizar a eficiência econômica, o que pode levar a uma geração muito acima do consumo em determinados períodos do dia.
Condições operacionais da rede
A infraestrutura elétrica foi projetada para um fluxo unidirecional de energia, e a injeção de eletricidade excedente na rede pode gerar instabilidades, principalmente em sistemas sobrecarregados ou com baixa capacidade de absorção.
Para evitar esses problemas, são necessárias adaptações regulatórias e investimentos em novas tecnologias que garantam um fornecimento eficiente e seguro.
Equipamentos como transformadores e disjuntores, desenvolvidos para distribuir energia das subestações para os consumidores, podem ter seu desempenho comprometido com o fluxo reverso, resultando em desligamentos automáticos e até falhas na rede.
O que diz a Resolução Normativa ANEEL nº 1.098/2024?
Para tornar a injeção de energia na rede mais acessível e incentivar o uso da energia solar, a ANEEL publicou a Resolução Normativa nº 1.098/2024, que altera a Resolução Normativa n° 1.000/2021 e flexibiliza a análise da inversão de fluxo em três situações específicas.
A norma dispensa exigências mais rígidas para sistemas que:
- Não enviam energia para a rede (grid zero);
- Estão destinados apenas ao autoconsumo, com potência de até 7,5 kW;
- A geração esteja alinhada com o consumo simultâneo do local.
Efeitos negativos da inversão de fluxo
Embora a inversão de fluxo possa contribuir para a sustentabilidade, ela também apresenta desafios para a infraestrutura elétrica:
Sobrecarga da rede
Se a quantidade de energia injetada for superior à capacidade da rede, pode haver sobrecarga e riscos de interrupção no fornecimento. Isso ocorre porque a rede elétrica foi originalmente projetada para distribuir energia de forma unidirecional, ou seja, das usinas geradoras para os consumidores finais.
Quando a energia começa a fluir no sentido oposto, o aumento repentino de carga pode sobrecarregar transformadores e linhas de transmissão, levando ao desgaste precoce desses componentes.
Desequilíbrio de tensão
A inversão pode causar oscilações na tensão da rede, afetando o funcionamento de equipamentos elétricos e comprometendo a segurança da infraestrutura.
Em situações onde a energia gerada excede a capacidade da rede de absorver essa eletricidade, a tensão pode subir além dos níveis aceitáveis, resultando em flutuações que podem danificar aparelhos sensíveis, como computadores, eletrodomésticos e maquinários industriais.
Como mitigar a inversão de fluxo em sistemas fotovoltaicos?
A inversão de fluxo de potência pode ser mitigada com estratégias que envolvem gestão da demanda, microrredes e baterias solares, otimizando o consumo local e estabilizando a rede elétrica.
Confira, a seguir, um pouco mais sobre essas formas de mitigação:
Aposte no gerenciamento de demanda
Uma das formas mais eficazes de mitigar a inversão de fluxo é sincronizar o consumo de eletricidade com os períodos de maior geração solar.
Isso pode ser feito através da automação residencial e empresarial, programando o acionamento de equipamentos como aquecedores elétricos, sistemas de climatização e carregadores de veículos elétricos durante o dia.
Essa estratégia ajuda a evitar o envio desnecessário de energia para a rede, aproveitando ao máximo a produção local. Além disso, tarifas dinâmicas podem ser implementadas para incentivar o consumo em horários estratégicos, equilibrando oferta e demanda.
Use as microrredes e a geração descentralizada
As microrredes são sistemas autônomos de geração e distribuição de energia que operam de forma integrada com a rede elétrica, mas podem funcionar de maneira independente.
Elas permitem que a energia gerada seja compartilhada entre diferentes consumidores locais, reduzindo a necessidade de injeção na rede principal. Além disso, a diversificação das fontes de energia, como a combinação de solar e eólica, pode contribuir para um melhor equilíbrio no fornecimento elétrico.
Armazene energia em baterias solares
O uso de baterias solares é uma solução essencial para evitar a injeção excessiva de energia na rede. Com um sistema de armazenamento eficiente, a eletricidade gerada pode ser utilizada à noite ou em momentos de menor radiação solar, garantindo um aproveitamento otimizado.
Além disso, as baterias fornecem uma alternativa segura em caso de quedas de energia, proporcionando maior autonomia ao consumidor. Essa tecnologia também pode ser integrada a sistemas inteligentes, permitindo um controle preciso da carga e do consumo energético.
As baterias auxiliam na autonomia sobre a conta de luz. Com esses dispositivos, a inversão de fluxo não existe, pois não é necessário enviar energia para a concessionária. Ao instalar um sistema off-grid, a concessionária se torna dispensável, e isso faz com que a inversão de fluxo não aconteça.
Quer saber mais sobre as baterias solares e qual papel desempenham em sistemas off-grid? Então, não deixe de conferir o conteúdo “Sistema On-Grid e Off-Grid: como funcionam na energia solar?”.
Conheça o Financiamento para Energia Solar do BV!
Para facilitar a popularização da energia solar, o BV oferece uma linha de financiamento específica para isso, permitindo que as pessoas tenham mais autonomia para a conquista do seu projeto solar.
No BV, oferecemos projetos para painéis com baterias ou apenas o financiamento para baterias solares, o que faz com que você não passe pela inversão de fluxo de potência. Também há financiamento para carregadores elétricos ou a sua contratação junto ao projeto de um sistema com placas solares.
Ao aderir às baterias solares, você fica livre da inversão de fluxo, pois não existe dependência em relação à concessionária, já que é possível gerar e armazenar energia nesses dispositivos. E tem mais: você tem até 120 dias para pagar a primeira parcela do financiamento e pode quitá-lo em até 96 meses.
Agora que você já conhece o que é inversão de fluxo de potência e sabe que, com gerenciamento de demanda, microrredes e baterias solares, é possível mitigar seus impactos, que tal fazer uma simulação do seu financiamento solar?
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