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Marcação a Mercado: conheça a nova regra para investidores
A nova regra de Marcação a Mercado será aplicada aos títulos públicos, exceto tesouro direto e privados da Renda Fixa. Entenda mais no artigo.

Categoria: Planejamento Patrimonial
Em janeiro de 2023, uma nova regra de Marcação a Mercado de títulos de Renda Fixa começará a vigorar. Em tese, a Marcação a Mercado é um recurso que auxilia na atualização diária dos preços dos títulos. Nesse sentido, ela considera a oferta e demanda dos ativos e a maneira que os mercados primários e secundários do setor financeiro se comportam.
No mercado primário, os ativos são adquiridos pelo comprador junto a empresa. Por outro lado, no mercado secundário, os ativos são comprados e vendidos somente entre os investidores.
Assim, a nova regra de Marcação a Mercado é especialmente interessante para os ativos negociados no mercado secundário, já que ela auxiliará o investidor a descobrir qual o valor de um papel, caso ele seja comprado ou vendido naquele dia.
Para entender mais sobre o que mudará com a nova regra de Marcação a Mercado e como isso afeta os investimentos, acompanhe a leitura.
O que é Marcação a Mercado?
A Marcação a Mercado (MTM) é o processo de atribuir um valor justo, atualizado ou de mercado para um ativo financeiro. Em outras palavras, a Marcação de Mercado precifica diariamente e determina o valor atual de um investimento em relação ao seu preço original.
Uma vez que os preços dos ativos financeiros flutuam constantemente, uma posição marcada a mercado pode ter um valor diferente do que tinha quando foi adquirida.
A Marcação a Mercado pode oferecer maior visibilidade e controle da carteira para os investidores que conseguirão prever quanto seu ativo estará valendo e quando será preciso resgatar ou vendê-lo.
Atualmente, a Marcação de Mercado já é aplicada nos títulos públicos adquiridos por meio do Tesouro Direto.
Com a nova regra, a Marcação a Mercado valerá também para alguns ativos da Renda Fixa, como Debêntures, CRAs, CRIs e Títulos Públicos Federais negociados no mercado secundário (ou seja, fora do Tesouro Direto).
Vale destacar que ficaram de fora dessa nova regra de investimentos outras aplicações da Renda Fixa, como CDBs, LCAs e LCIs.
De acordo com as regras e procedimentos da ANBIMA(Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o intuito da nova regra é deixar claro quanto os títulos públicos e privados valeriam se fossem postos à venda naquele período, como presente no material de “Regras e Procedimentos para apuração de valores de referência”.
Assim, o investidor conseguirá visualizar o saldo atualizado da carteira, com base no valor que os ativos públicos e privados estão sendo negociados no momento.
Na prática, uma queda no preço dos ativos em um determinado dia, diminuirá o saldo dos investimentos. Do mesmo modo, um aumento no preço dos ativos em outro dia, aumentará o saldo dos investimentos.
Para entender o que mudará com a nova regra da Marcação a Mercado na Renda Fixa e como isso afeta os investimentos, siga a leitura.
Na Marcação a Mercado, os valores dos investimentos são contabilizados com os preços atuais na sua carteira.
Nova regra de investimentos: o que mudou?
Até 2022, todos os ativos da Renda Fixa eram marcados pela curva de compra do papel (Marcação de Curva) e não havia atualização diária no preço do ativo, isto é, os valores de títulos públicos e privados se mantinham iguais desde sua aquisição.
No entanto, esse método de valorização da carteira refletia um saldo descolado da realidade, já que os preços dos investimentos sofrem interferência diária, como risco de crédito, de mercado (taxa de juros) e de liquidez. E são exatamente estes riscos que fazem o preço do ativo subir ou cair.
Com a nova regra da ANBIMA, os Títulos Públicos Federais, exceto tesouro direto, Debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio, deixarão de ser marcados pela curva do papel e serão marcados pela curva do mercado.
Lembrando que essa nova regra de Marcação a Mercado de títulos públicos e privados não se aplica ao CDBs, LCIs, LCAs ou qualquer outro título com emissão bancária.
Na prática, essa mudança não afeta em nada o resultado dos investimentos. Nesse sentido, a rentabilidade permanecerá a mesma contratada, desde que você mantenha o título até a data do vencimento.
Vale lembrar que a nova regra se aplica a pessoas físicas e jurídicas, com exceção às empresas de médio e grande portes, classificadas nos segmentos, conforme critérios próprios de cada instituição em Middle e Corporate. Já os investidores qualificados (acima de R$ 1 milhão) podem pedir que seus produtos mantenham a metodologia de preço atual de "Marcação na Curva".
Porém, em casos de venda antecipada, as condições aplicáveis serão aquelas vigentes no mercado, tal como acontece atualmente.
No BV private, todos os clientes terão essa regra vigente a partir do dia 02/01/23. Por isso, entenda mais sobre os principais fatores que irão afetar os preços dos títulos de crédito privado, como a curva de juros e o spread de crédito, confira o vídeo do BV sobre a nova regra de Marcação a Mercado:
Além disso, essa nova regra para Renda Fixa deverá ser cumprida por qualquer instituição financeira que siga o Código de Distribuição. Ainda, elas precisarão atualizar os investidores sobre os preços dos ativos de Renda Fixa diariamente.
Diferença de Marcação a Mercado e Marcação de Curva
Como visto acima, a Marcação de Curva é o método de precificação atual dos ativos de Renda Fixa, em 2022. Nesse contexto, o saldo diário é corrigido pela taxa de juros que você operou na data da compra.
Para ficar mais claro, suponha que você tenha adquirido uma Debênture pré-fixada a taxa de 15% ao ano.
Na Marcação de Curva, você vê a evolução deste ativo sendo registrada diariamente pelo preço de compra (15%), independentemente do preço de mercado vigente do ativo.
Diante disso, podemos concluir que a Marcação de Curva não reflete o valor do título no mercado secundário, aquele em que ocorre a compra e venda de títulos entre os investidores.
Já na Marcação de Mercado, o valor da taxa é aquela negociada no momento. Nesse novo cenário, a mesma debênture de 15% ao ano de juros, refletiria um valor alinhado à realidade do mercado no momento.
Se as Taxas de Juros Futura (Selic) subir para 17%, o ativo terá um deságio (valor depreciado), pois agora os juros vigentes (esperados) estão maiores que os juros do ativo, desta forma terá uma marcação negativa do ativo. O inverso também é válido: se os juros caírem para 12%, desta vez o ativo terá ágio (será valorizado).
Os investimentos podem subir ou diminuir de valor e a Marcação de Mercado acompanha esses ajustes de preço.
Vale destacar que, atualmente, a Marcação a Mercado já atua sobre os seguintes ativos:
- Fundos de investimento: são uma espécie de “condomínio” de investidores que reúne os recursos de diversas pessoas, para ser aplicado em conjunto no mercado financeiro;
- Carteiras administradas: trata-se de um serviço executado por profissionais capacitados e habilitados para atuar no mercado financeiro. A gestão do capital é personalizada e segue diretrizes definidas em contrato.
Com a nova regra, ela passará a valer também para:
- Debêntures: títulos de créditos emitidos por companhias para levantar dinheiro no Mercado de Capitais;
- CRAs e CRIs: são certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e do agronegócio (CRA) emitidos por securitizadoras;
- Títulos Públicos Federais fora do Tesouro Direto: a negociação se dá entre os investidores no mercado secundário, ou seja, a negociação ocorre por meio da mesa de operações da sua corretora de valores. Logo, não é possível acessá-lo pelo Tesouro Direto ou pelo Home Broker, um sistema que conecta os investidores que desejam adquirir ou vender ativos financeiros.
Vantagens e desvantagens da Marcação a Mercado
A Marcação a Mercado é uma importante ferramenta para quem visa lucrar com investimentos em ativos do mercado financeiro. Isso porque ela auxilia na avaliação real dos investimentos para garantir que o valor de mercado dos ativos seja o mais preciso possível.
Uma das maiores vantagens da Marcação a Mercado é que ela contribui para que os investidores identifiquem oportunidades, otimizem o desempenho dos seus investimentos e maximizem seus retornos por meio de uma projeção das oscilações dos preços.
Além disso, a Marcação de Mercado pode auxiliar os investidores a ter uma visão mais precisa dos riscos de cada investimento.
Entretanto, ainda que ela forneça muitas vantagens, existem também algumas desvantagens associadas à Marcação a Mercado que precisam ser consideradas.
A principal delas é que os preços dos ativos refletem oscilações diárias, tanto positiva quanto negativa, o que pode deixar você preocupado com o possível prejuízo.
No entanto, esse problema só se torna real se você resgatar um investimento quando ele estiver em baixa. Por isso, mesmo com os títulos da Renda Fixa, fica o alerta de que você pode acabar perdendo dinheiro com a antecipação do resgate.
Para conferir mais informações sobre o tema, confira outros conteúdos sobre investimento no blog Banco BV.
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