As escolhas do novo governo na economia atual

A economia atual pode influenciar as decisões da agenda econômica do novo governo. Entenda como!

Categoria: Economia

Categoria: Economia

Roberto Padovani

Novembro, 2022

Apesar de todas as dúvidas que cercam a gestão e a agenda econômica do novo governo, os incentivos da economia atual não sugerem uma estratégia radicalmente diferente de seu antecessor. A ideia é que as restrições neste momento são maiores que as presentes em 2003, o que implica que mudanças súbitas na agenda econômica possuem custos elevados.

Quer entender mais sobre o cenário da economia atual e como ela impacta nas decisões econômicas do novo governo? Continue a leitura abaixo.

Economia atual: qual é o cenário?

A primeira grande diferença da economia atual em relação a 2003 está no quadro externo. Depois do estouro da bolha de tecnologia em 2000, a economia global mostrou contração em 2001, reversão em 2002 e voltou a crescer acima da média histórica em 2003.

A não ser pela crise bancária norte-americana de 2008, que produziu impactos temporários nos mercados emergentes, o período de 2003 a 2010 foi marcado por um ambiente internacional de crescimento e liquidez favoráveis para o Brasil.

Agora, ao contrário, a economia atual mundial não está saindo de uma recessão, mas entrando em uma fase de desaceleração cíclica. A combinação de tensões geopolíticas com a alta da inflação e dos juros, implicam no baixo crescimento e menor liquidez, elevando a aversão a risco dos investidores.

Neste cenário propenso a acidentes, erros de gestão locais tendem a ser mais rápidos e intensamente punidos pelos mercados internacionais.

Outra diferença importante na economia atual em relação a 2003 está no endividamento público. Embora a dívida bruta ao final de 2002 tenha alcançado o patamar de 76% do PIB, próximo ao atual, sua dinâmica era explicada por fatores temporários.

Neste momento, os fatores por trás da dinâmica de dívida parecem mais duradouros. A dívida pública elevada e cara encontra a pressão social por maiores gastos em um contexto internacional desfavorável e de provável acomodação no crescimento e na arrecadação da economia atual.

A economia atual incentiva que a agenda econômica do atual governo não seja alterada.

Como a economia atual afeta o novo governo?

Nesse ambiente global e fiscal da economia atual, as escolhas de políticas podem ter custos elevados, o que incentiva a preservação da racionalidade econômica. Isso também contribui para que se tenha, hoje, maiores restrições institucionais.

Além disso, o teto de gastos tornou-se uma referência importante, já que o Banco Central é formalmente independente e o BNDES não conta mais com espaço para subsidiar os juros.

Da mesma forma, o ambiente político mostra equilíbrio de forças. Não apenas as eleições foram as mais competitivas desde 1989, mas os protestos recentes mostram que a sociedade ainda está tensa e dividida.

Em conjunto com um cenário econômico de desaquecimento, o início de governo pode ter uma “lua de mel curta”, limitando o capital político do governo. Ao mesmo tempo, o Congresso se mostra institucionalmente mais independente e ideologicamente não alinhado, reforçando a necessidade de negociação da agenda econômica de governo.

Neste caso, os sinais sobre a agenda econômica até o momento serem essencialmente políticos e ideológicos, não conduz necessariamente a cenários de crise, pois há incentivos na economia atual para que o novo governo não tenha uma estratégia econômica radicalmente diferente de seu antecessor.

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