Comprar é parte do nosso dia a dia e pode ser positivo quando planejado. O desafio aparece quando desejos viram decisões impulsivas e o orçamento não acompanha. Sem um controle claro, pequenas parcelas e gastos recorrentes se acumulam e, em poucos meses, a dívida cresce.
Os sinais costumam ser evidentes: limite do cartão comprometido, uso frequente do cheque especial e juros elevados reduzindo o poder de compra. Apesar de ser uma situação comum ter problemas na vida financeira, não precisa ser algo permanente: existe caminho para reorganizar as finanças.
Renegociação de dívidas é um primeiro passo eficiente: permite ajustar prazos, juros e formas de pagamento, alinhando as parcelas à sua capacidade financeira. É uma solução que beneficia você e o credor, reduzindo riscos e retomando a previsibilidade.
Neste artigo, siga a leitura para você encontrar um guia prático de como negociar dívidas e evitar o endividamento por mais tempo ao quitar suas dívidas com segurança.
Mas, afinal, o que é considerado dívida?
A dívida é todo compromisso de pagamento assumido em troca de um bem, serviço ou valor. Ela nasce no momento em que você aceita as condições de compra ou contrata um crédito — mesmo sem atraso. Compreender isso ajuda a mapear compromissos, priorizar pagamentos e organizar o orçamento.
Em cada operação há duas partes:
- Credor (quem recebe);
- Devedor (quem paga).
As dívidas podem vir de compras parceladas, aquisição de empréstimos, financiamentos ou serviços recorrentes. Mesmo pagando em dia, a obrigação existe até a quitação da última parcela.
Há dívidas que viabilizam objetivos — as “boas dívidas”. São planejadas, cabem no orçamento e têm potencial de retorno maior que o custo: educação, imóvel para moradia, capital de giro do negócio, entre outras. Elas sustentam projetos e ajudam a construir patrimônio.
A “dívida ruim” nasce do impulso e de juros elevados, como rotativo do cartão e cheque especial. Pequenas parcelas somadas podem exceder a renda e levar ao pagamento mínimo, fazendo o custo disparar. A regra prática: planeje as suas metas, compare taxas e evite comprometer o orçamento futuro.
Por que renegociar as dívidas?
Segundo a CNDL/SPC Brasil, a inadimplência de pessoas físicas atingiu 71,28 milhões de brasileiros em junho de 2025. Renegociar dívidas é um passo estratégico quando as parcelas já não cabem no orçamento e os juros começam a “consumir” despesas essenciais.
O objetivo é readequar prazos, taxas e valores à sua capacidade de pagamento. E os ganhos são práticos:
- Possibilidade de descontos em juros e multas;
- Alongamento de prazo;
- Troca para modalidades mais baratas e, em alguns casos, consolidação em uma única parcela.
Com um acordo claro, a dívida deixa de crescer e vira um plano previsível de quitação.
Há impactos diretos no dia a dia: alívio financeiro e emocional, recuperação do fluxo de caixa, chance de sair de negativações e de melhorar o score. Com o orçamento reequilibrado, você mantém as contas básicas em dia e cria espaço para reconstruir a reserva de emergência.
Quanto antes você agir, melhores tendem a ser as condições. É importante buscar os canais oficiais do credor e montar uma proposta realista com base no seu orçamento e formalizar o acordo por escrito. Cumprindo as etapas, você retoma o controle e avança para uma vida financeira mais estável.
E quando pode ser feita a renegociação de dívidas?
Faça uma avaliação minuciosa do seu orçamento e veja se é o momento certo para retomar o pagamento daquele débito que ficou para trás.
Também pode valer a pena aproveitar os momentos em que os credores costumam fazer uma espécie de promoção para conseguir arrecadar mais. É o caso, por exemplo, dos meses de fim de ano, quando desejam aumentar as vendas para o Natal e, por isso, procuram os devedores para resolver a sua situação financeira. Assim, costumam oferecer descontos melhores nos juros e nas multas para a quitação do débito, tirando o nome do cadastro de devedores e liberando o acesso a novos créditos.
Como funciona o processo de renegociação de dívidas?
Negociar dívidas deve ser feito com um plano de pagamento viável. O objetivo é ajustar prazos, taxas e parcelas à sua capacidade financeira, reduzir encargos e evitar novos atrasos.
De forma geral, o caminho envolve organizar informações, definir quanto cabe no orçamento e priorizar dívidas mais caras ao negociar com o credor. Nos tópicos a seguir, você confere o passo a passo para conduzir essa negociação com segurança.
Faça uma boa organização
Reúna contratos, extratos e faturas. Anote para cada dívida: credor, saldo devedor, taxa de juros, CET, parcela, vencimento e dias em atraso. Classifique por tipo (cartão, cheque especial, empréstimo, financiamento) e use uma planilha simples para visualizar prioridades e evitar esquecimentos.
Descubra o seu limite
Calcule a renda líquida e subtraia despesas essenciais (moradia, alimentação, transporte, saúde). O valor restante indica sua margem para quitar dívidas. Para segurança, trabalhe com um teto realista — em geral, até 20%-30% da renda — preservando uma reserva mínima e evitando novos atrasos.
Comece pagando as dívidas mais altas
Como quitar dívidas por prioridade? Veja a dívida que tem juros mais caros e cresce mais rápido, como rotativo do cartão e cheque especial. Negocie descontos e troque por um parcelamento com taxas menores quando possível. Enquanto isso, mantenha o pagamento mínimo dos demais compromissos para não ampliar multas e encargos.
O que diz a lei sobre as dívidas e sua renegociação?
Quem está devendo, muitas vezes, pode pensar que não tem respaldo para negociar dívidas com segurança. Saiba que isso não é verdade: o Código de Defesa do Consumidor está ao seu lado para garantir alguns direitos fundamentais. Veja quais são eles para fazer uma negociação mais justa:
- Juros e multas: cobrança de multas e juros é um direito do credor, mas a lei não permite que esses valores sejam abusivos. Portanto, se você sentir, mesmo depois da renegociação, que essas taxas ficaram acima do valor justo, procure o órgão de defesa do consumidor para auxiliá-lo;
- Transparência: o credor tem a obrigação de fornecer todas as informações solicitadas, incluindo os valores dos juros, da multa e do valor original;
- Nome limpo: se o seu nome estiver em cadastros de proteção ao crédito, como Serasa e SPC, ele deverá ser retirado em até cinco dias, logo após o pagamento da primeira parcela da renegociação;
- Direito de recusa: se você for procurado pelo seu credor, e não o contrário, tem o direito de recusar a proposta feita por ele e de apresentar uma contraproposta. Você pode levar essa negociação até o ponto em que a situação ficar interessante para ambos os lados;
- Sem constrangimento: as cobranças de dívidas devem ser feitas com muito cuidado pelos credores, pois o devedor está protegido por lei em relação a danos morais, caso seja constrangido nesse processo.
Como não errar na renegociação de dívidas?
Ao planejar como quitar dívidas, é preciso atenção máxima para que você não faça acordos que podem prejudicara sua situação. Veja, agora, alguns dos erros que deve evitar na renegociação de dívidas:
- Prazos de pagamento muito longos: quanto mais tempo você demorar para quitar o débito, maiores serão os juros sobre ele, então, o melhor é tentar pagar parcelas maiores, em menos tempo;
- Venda casada: cuidado com as instituições que não são reconhecidas pelo mercado e que podem oferecer a você benefícios que não pretendia adquirir, sob pretexto de reduzir os valores a pagar na renegociação;
- Não priorizar as mais caras: as dívidas com taxas de juros mais altas (como cartão de crédito e cheque especial) devem ser as primeiras quitadas, pois elas são as maiores responsáveis por reduzir o seu poder de compra.
O que fazer após negociar?
Após a renegociação de dívidas, mantenha o foco no orçamento e evite novas dívidas por um período. Use esse intervalo para reorganizar despesas, ajustar hábitos de consumo e garantir que as parcelas do acordo caibam confortavelmente no mês. A disciplina de agora pode evitar novos atrasos.
Crie uma rotina financeira simples
Acompanhe receitas e gastos, automatize pagamentos e forme uma reserva de emergência. Se possível, direcione pequenos valores à poupança ou investimentos de baixo risco até concluir a quitação. Isso aumenta a previsibilidade e reduz imprevistos.
Lembre-se das consequências de descumprir o acordo: perda de descontos e condições especiais, retomada do valor original com juros e multas, possível negativação e restrição de crédito. Se houver qualquer dificuldade, procure o credor antes do vencimento para revisar prazos e evitar a quebra do acordo.
Crédito não é um problema e quando faz parte de um planejamento financeiro, viabiliza objetivos. Na renegociação, além de ter como negociar dívidas e evitar o endividamento por mais tempo, também é uma ferramenta para honrar compromissos com responsabilidade e recuperar a saúde financeira.
Precisa de apoio para organizar seu plano de pagamento? Conte com os canais oficiais do BV para negociar com segurança.