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Riscos não precificados
Embora os desafios de 2022 sejam conhecidos, a falta de consenso sobre seus impactos econômicos e financeiros abre espaço para instabilidades nos preços.

Categoria: Inovação
Por Roberto Padovani
Independentemente do tamanho do seu negócio ou até mesmo da área de atuação, entender o panorama nacional e global é fundamental para quem quer uma empresa sustentável a longo prazo. Afinal, apesar de muitos fatores não serem controlados pela sua organização, eles podem ter um impacto enorme nos seus resultados finais. Por isso, é essencial entender quais são riscos não precificados para 2022.
Como a reorientação da política monetária nos Estados Unidos e na Inglaterra pode impactar a realidade da sua empresa? Como as eleições presidenciais aqui no Brasil podem mudar o cenário econômico no país? Todas questões fogem do seu controle, mas podem significar problemas ou soluções para o seu negócio, não é mesmo? Pensando nisso, produzimos um conteúdo abordando esses temas mais relevantes para 2022.
Continue a leitura e confira!
Quais são os desafios para 2022?
Os desafios de 2022 são amplamente conhecidos. Liquidez global e eleições no Brasil devem guiar os mercados em um contexto local de baixo crescimento e dívida pública elevada. O que não está sendo antecipado, no entanto, é a intensidade dos impactos desse cenário sobre bolsa, juros e câmbio.
Por um lado, o fato de esses eventos já estarem na agenda do mercado explica os prêmios de risco e a volatilidade nos ativos financeiros dos últimos seis meses. Mas, à exceção da questão da dívida públicas, o debate sobre as repercussões financeiras da mudança na liquidez global, eleições e crescimento sugere que o pior ainda não foi precificado.
Reorientação política monetária nas grandes economias
O evento mais importante em 2022 é a reorientação de política monetária dos bancos centrais das principais economias. Estados Unidos e Inglaterra já iniciaram o processo de retirada dos estímulos concedidos em 2020, com Europa e Ásia devendo reforçar a discussão sobre liquidez e juros ao longo do ano.
A dúvida é saber como as diferentes estratégias de saídas deverão afetar as condições globais de liquidez e o desempenho dos mercados emergentes. Na visão otimista, a liquidez e o crescimento ainda elevados tendem a moderar os impactos. Por outro lado, as experiências de 2013 e de 2021 mostram que a alta dos juros longos nos Estados Unidos pode trazer muita intranquilidade financeira.
Eleições presidenciais
Além da questão da liquidez global, o segundo tema que ocupará a agenda do mercado financeiro local ao longo de todo ano serão as eleições presidenciais. A continuidade da melhoria do mercado de trabalho, associado à queda da inflação, tende a favorecer a avaliação do governo e consolidar um quadro de eleição competitiva e polarizada.
O quadro da terceira via, contudo, não foi descartado e o debate econômico, com foco principal na questão fiscal, não teve início. Com isso, é difícil dizer que os preços dos ativos já refletem todos os riscos eleitorais.
Crescimento econômico no Brasil
A discussão sobre o crescimento econômico local também vai influenciar o comportamento do mercado na medida que afeta a atratividade do País aos investimentos em um contexto de incertezas em relação aos fluxos globais de capitais.
Apesar de o desempenho recente sugerir que a capacidade de o país crescer a longo prazo, pode estar abaixo da média de 2,0% das últimas quatro décadas, a leitura de curto prazo não é clara. O impulso externo, os investimentos e a melhoria nas condições de renda se contrapõe à preocupação com a desaceleração esperada para o crédito e fazem com que os cenários mais pessimistas ainda não sejam totalmente considerados.
Questões fiscais no Brasil
O quarto e último aspecto central de 2022 é a questão fiscal. Diferentemente dos outros temas, há aqui relativo consenso de que as dúvidas em relação à gestão das contas públicas desse e do próximo governo já pressionam os juros neutros e reforçam um equilíbrio macroeconômico marcado por mais juros e menos crescimento, o que dificulta o ajuste de uma dívida pública elevada.
Qual é a relação entre todos esses desafios?
O problema é que esses quatro temas estão conectados. Com baixo crescimento, eleições competitivas e dívida elevada, o país fica exposto a um ambiente propenso a choques, o que implica um quadro de menor atratividade aos fluxos financeiros e potencializa as instabilidades locais.
Ao mesmo tempo, as visões ainda otimistas sobre a reorientação da política monetária nas economias centrais e sobre as eleições locais têm impedido pressões mais relevantes nos ativos financeiros. No caso do câmbio, a mediana das expectativas trabalha com um cenário de apreciação nominal a partir dos níveis atuais. Mesmo que a alta da taxa básica de juros ajude a ancorar a moeda, o fato é que o risco pode crescer de modo importante caso se confirmem as leituras mais negativas sobre a economia.
As expectativas para a bolsa também não parecem refletir um cenário de maior estresse. Com várias métricas sugerindo um mercado descontado, faz sentido trabalhar com um pensamento de recuperação dos preços. Por outro lado, risco soberano, preços de commodities e juros reais devem impedir uma retomada linear.
Por último, o mercado futuro de juros mostra um comportamento atípico, com uma forte inclinação negativa1 dada pela alta expressiva e persistente da inflação e o correspondente aperto monetário. Mas com a queda esperada da inflação derrubando a parte curta da curva de juros e o aumento das incertezas fiscais e alta dos juros internacionais pressionando a parte longa, a reversão da inclinação da curva deverá ser significativa, a exemplo da experiência de 2016.
Portanto, apesar de temas bem conhecidos, os preços dos principais ativos financeiros dificilmente já incorporaram todos os riscos, o que abre espaço para um quadro de instabilidade maior que o esperado. A complexa travessia de 2022 ainda não está nos preços.
Entender quais são os riscos da economia para o Brasil em 2022 é o primeiro passo para um planejamento de sucesso para o seu negócio. Apenas conhecendo o cenário ao seu redor é que se torna possível atingir todas as suas metas financeiras e ter o retorno esperado.
Por falar em finanças, que tal entender mais sobre quais são os principais sinais de alerta de desequilíbrio financeiro e como resolvê-los?
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